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Mulheres cientistas de Guarulhos contam suas experiências

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  • 10 de mar.
  • 3 min de leitura

Meninas e mulheres na ciência são celebradas em 11 de fevereiro. Com esse mote, a Secretaria de Desenvolvimento Científico, Econômico, Tecnológico e de Inovação (SDCETI) promoveu um reencontro entre duas gerações de cientistas da cidade: a professora doutora Aline Ribeiro Sabino e a estudante de graduação Giane Mayumi Galhard. As duas se conheceram em 2017 no campus Guarulhos do Instituto Federal de São Paulo.


Foto: Diego Fróis/PMG
Foto: Diego Fróis/PMG

Aline, que é conhecida na comunidade acadêmica como professora Sabino, continua dando aulas de física, que é sua especialidade, enquanto que Giane, hoje com 21 anos, era uma jovem estudante do ensino médio técnico. O talento que as duas compartilham, assim como o amor pela ciência, construiu uma história de amizade e admiração que perdura ao longo dos anos, inspirando cada uma delas e também a comunidade de professores e estudantes que as cerca.

Aline nasceu em Guarulhos, na Vila São Rafael, comunidade carente localizada na região da confluência entre as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias. Vindo de família humilde, filha de um cobrador de ônibus, ela conta que sua carreira acadêmica teve início ainda no ensino fundamental, quando no sexto ano ela obteve uma bolsa de estudos de 65% no Colégio Eniac, da rede privada de ensino. “Minha mãe dizia que se eu perdesse a bolsa teria que voltar ao colégio anterior, onde eu não gostava de estudar. Isso me levou a ter uma dedicação constante até o final do ensino médio”.

No período da formação superior, Aline ouvia as pessoas falarem sobre a USP – Universidade de São Paulo – e pensava que aquele nível de formação de excelência não estava a seu alcance, porém incentivada por professores que sempre viram nela inteligência e temperança ela acabou por se inscrever para o vestibular de física e, claro, foi aprovada. “Quando eu ingressei na graduação as pessoas diziam que minha turma tinha um alto índice de participação feminina, porém nós éramos seis moças em uma turma de sessenta estudantes”. Apesar da diferença numérica na participação de alunos, Aline diz que nunca sofreu preconceito ou teve impedimentos na carreira acadêmica devido ao fato de ser mulher. Ela obteve sua licenciatura e seguiu na carreira acadêmica, obtendo os títulos de mestre e doutora, todos pela USP.


O Despertar na Semana do Conhecimento

Giane, também natural de Guarulhos, ingressou no Instituo Federal de São Paulo no primeiro ano do ensino médio, no curso técnico em informática, e hoje está cursando o último semestre em sistemas de informação na USP Leste. Ela recorda de forma divertida sua primeira incursão no mundo científico, que aconteceu por ocasião da Semana do Conhecimento – tradicional evento acadêmico e científico guarulhense promovido pela Prefeitura.

“No começo do ensino médio eu não tinha muito interesse em estudar, então quando um professor nos convidou a inscrever um projeto na Semana do Conhecimento dizendo que com isso não precisaríamos fazer prova achei que era uma ótima oportunidade para fugir dos estudos”, conta Giane.

O que ela não imaginava é que essa participação se tornaria a primeira de uma longa história de conquistas. No segundo ano de sua participação na Semana do Conhecimento, ela e uma colega apresentaram o projeto de óculos que são um dispositivo de rastreamento ocular para pessoas com um distúrbio na fala que permite que se comuniquem pelo olhar. “Esse tipo de dispositivo custa cerca de vinte mil reais no mercado, mas nós conseguimos fazer um protótipo funcional por cem reais”. A conquista do primeiro lugar com o projeto dos óculos levou Giane à Febrace, etapa estadual da feira de ciências, onde ela obteve o segundo lugar na área de engenharia entre todos os jovens classificados do Estado.

Já como estudante da USP, Giane teve acesso a programas de intercâmbio científico, nos quais obteve bolsas de estudo oferecidas por instituições internacionais. Primeiro ela passou quatro meses na Universidade de Alberta, no Canadá, fazendo pesquisas na área de bioinformática. O professor canadense que orientou sua pesquisa indicou-a para outro intercâmbio em Singapura, também em bioinformática, e por fim ela esteve na Romênia, envolvida em um projeto voluntário para desenvolver uma plataforma de professores.

Para suas colegas mais jovens que estão hoje iniciando a carreira, Giane dá uma palavra de otimismo. “Eu não imaginava que pudesse ter esse tipo de experiência internacional, mas à medida que fui seguindo nos estudos as oportunidades foram aparecendo e os desafios que elas impunham foram sendo vencidos”.

Aline também vê com entusiasmo as novas gerações de mulheres cientistas. “Hoje como professora eu vejo muitas jovens tão talentosas quanto a Giane e me recordo que quando era estudante elas também estavam lá entre as minhas colegas. Uma política pública de fomento, uma condição digna de estudo e às vezes algo tão simples como uma palavra de incentivo podem fazer toda a diferença para ampliar o alcance e a participação das mulheres na ciência”.

Foto: Diego Fróis/PMG

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